Nem todos fomos feitos para o que fomos feitos.
Sempre pensei muito a respeito disso. Será que todos fomos feitos para o que fomos feitos? E para que fomos feitos? Bom, partindo do princípio de que sabemos pensar, diferentemente dos animais irracionais, imagino eu que fomos feitos para pensar. Caso contrário, viveríamos como animais irracionais, junto com os outros, lutando por sobrevivência e seguindo instintos. Se recebemos o dom de pensar, é porque precisamos fazer isto. E para que pensar? Para construir, pôr ordem, organizar, viver em harmonia, evoluir. Em direção a que? Ao que vem depois disso. Mas vamos nos ater aqui, no material.
Nem todos foram feitos para serem médicos, engenheiros, músicos, advogados, cientistas, alguns não foram feitos para alguma profissão em específico, ou nasceram para milhares de coisas. Nem todos foram feitos para serem pais e mães, ou para se casarem e terem belos filhos. Alguns devem permanecer sozinhos. É engraçado, pois quando falo isso, 100% das pessoas se assustam e dizem: “Nossa, Carol, você é muito nova, não fale isso.”. Bom, quando digo isso, não me refiro necessariamente a mim, mas sim a muitos filósofos, cientistas, mestres, gênios, e outras pessoas que fizeram uma diferença notável no mundo, mas que não se casaram ou permaneceram com alguém. Simplesmente viveram sozinhos, sem a menor troca de afeto sentimental ou sexual com qualquer pessoa. Alguns filósofos nem amigos tinham. Viveram grande parte de suas vidas sozinhos, em suas casas, ou viajando, peregrinando, pensando, refletindo, e contribuíram de forma significativa para o mundo. Também não quero dizer que quem se relaciona jamais fará diferença no mundo, pelo o contrário, todos podem e devem colaborar para o nosso crescimento.
No entanto, o que digo aqui, é que viver uma vida sozinho necessariamente não é ruim, ao passo que viver com um parceiro ou uma parceira, também pode não ser absolutamente bom. Quantas pessoas possuem relacionamentos aparentes? Quantos homens ou mulheres sofrem dentro dos relacionamentos? Brigam, sentem ciúmes, vivem inseguros, controlando tudo o que o outro faz, fazem mal um para o outro, mas continuam juntos porque “dependem” emocionalmente um do outro, porque se um o deixar, o outro entra em depressão. Será que isso é felicidade? Ou então, mulheres que tem um relacionamento de algum tempo, e de repente desconfiam ou sabem que seus companheiros as traem, mas que se quer tocam no assunto ou tentam descobrir algo, porque preferem deixar assim? Meu Deus, o que é felicidade?
A reflexão que quero trazer aqui é seguinte: não sabemos do amanhã, é claro. Apesar de acreditar que todos temos um destino traçado, o Universo pode, e muda muitas coisas. Mas de repente, nem todos foram feitos para que o mundo os espera que sejam feitos. E, ainda que você siga ou não a profissão que todos imaginam que você irá seguir, ainda que você construa ou não uma família feliz, ainda que tenha ou não filhos, ainda que more a vida toda numa casa alugada ou compre uma, ainda que viaje ou não o mundo inteiro, ainda que tire ou não carta de motorista, ainda que permaneça sozinho ou com alguém, o que realmente determina o para que fomos feitos, é o pensar.
Pensar para seguir princípios, manter valores, refletir e evoluir com o que se passa, sempre evoluindo no sentido de pensar, agir, falar, e sentir tudo em consonância, e todos de acordo com as suas convicções, muito bem fundamentadas. Segundo Aristóteles, a felicidade consiste em fazer o bem. De fato, independentemente da situação externa em que nos encontramos, se estamos exercendo nossas virtudes, fazendo o bem, podemos sim ser felizes, ainda que não seja no modo padrão. Isso também não quer dizer que a vida que não segue o modo padrão seja uma bagunça e "vamos curtir", pelo o contrário, deve ser tão consciente e reta quanto. Viver a vida curtindo é um retrocesso do tamanho de um abismo, mas isso discuto em outra pauta.