Namoro é para os “fracos”, mas a carência nunca foi tão grande.

Vinte e seis anos de idade, e o que mais tenho ouvido por aí é o seguinte: “Não quero namorar no momento, não estou nessa vibe, por enquanto quero curtir, preciso curtir muito ainda pra depois ter uma vida mais sossegada”. Dessas afirmações, tira-se a conclusão de que namorar, hoje em dia, de fato, está “old fashion”, “fora de moda”. É para os “fracos”. E existe um por que disso.

Com a evolução da internet e redes sociais, com quantas pessoas podemos falar ao mesmo tempo? Dezenas! Quantos “amigos” podemos ter? Uns cinco mil? E quantos seguidores? Mais de um milhão! Já reparou na quantidade de pessoas com quem nos relacionamos virtualmente? É um número absurdo! Absurdamente maior do que o que podemos realmente dar conta. Nada contra a tecnologia, mas as redes sociais tornaram as pessoas mais superficiais. Fala-se com muita gente, mas na verdade não se fala nada. Os assuntos são bem por cima, rasos, e eu também acho que nem dá pra ter uma conversa muito profunda via Whats App, por exemplo, porque tecnologia nenhuma substitui e substituirá o olho no olho, em tempo real, e aquela boa e longa conversa de um café no shopping ou de um barzinho na esquina.

Por conta disso, as relações virtuais tem se tornado reais. Essa superficialidade de sentimentos tem tomado conta do ser humano. E, consequentemente, namoro, uma relação profunda, um vínculo mais forte, um compromisso, não tem mais muito espaço nesse dinamismo de “falsos relacionamentos”. As pessoas não conseguem mais achar muita graça em falar com uma pessoa, durante semanas, para conhecê-la melhor, gostar, se envolver. Tem que ter novidade, novidade, uma pessoa diferente a cada semana, ou a cada dia. E a internet proporciona tudo isso. Em um aplicativo como o Tinder, por exemplo, ninguém fica “sozinho”!

Mas aí é que está o ponto onde queria chegar. Em um mundo onde namorar está fora de moda, e conversar com várias pessoas ao mesmo tempo, mesmo “pegando” ou não, é um comportamento cada vez mais comum, será que essa diversidade de conversas artificiais com homens e mulheres diferentes não é um reflexo de uma carência interna por algo mais profundo, que preencha de fato? O ser humano não tem se relacionado profundamente nem consigo mesmo, quanto mais com o outro! No entanto, todos nós temos necessidade de nos relacionarmos profundamente com nós mesmos e com as pessoas. Ninguém gosta de ter um amigo pela metade, por exemplo. Um relacionamento ou um papo artificial nos preenche durante alguns dias, no máximo (e olhe lá), depois, sempre vem aquela falsa necessidade de algo novo, uma novidade. Sim, falsa, porque realmente não nos deixamos algo ou alguém nos preencher por completo. Mal conhecemos alguém, e já estamos interessados em conversar com outra pessoa. Uma mulher começa a conversar com um homem ou um homem começa a conversar com uma mulher, e na semana seguinte ela ou ele já não é mais novidade, virou algo obsoleto.

É por essas e outras que sou uma eterna defensora do “menos amigos e mais amizade”. E também serei uma eterna defensora do “menos paquerados e mais paquera”. De que adianta tantos amigos, tantos contatos, se não conseguimos criar e principalmente manter, uma amizade de fato, um vínculo forte, por inteiro, algo duradouro com todos eles? De que adianta tantas mulheres, tantos homens, tantos “matchs” no Tinder, se não conseguimos criar, e principalmente manter, um interesse por uma pessoa em específico? Por que estamos falando com tantas pessoas ultimamente? Desnecessário, totalmente desnecessário.

Como mencionei no início, namorar hoje está fora de moda. Mas, sinceramente, nunca vi tantas pessoas carentes como tenho visto por aí. Carentes de algo profundo, intenso, bonito, permanente, confiável, estável. Carentes de uma relação verdadeira com elas mesmas e com as outras. Essa, sim, é a relação que nunca deveria deixar de estar na moda.