A QUÍMICA DO AMOR!

Pessoal! Separei um estudo sobre o amor do ponto de vista biológico-químico interessantíssimo, vale a pena ler. Esse estudo foi retirado de um artigo que pretendo disponibilizar no blog de alguma forma, do autor Paulo Ribeiro Claro, coordenador nacional das Olimpíadas de Química da SPQ, divulgador de inúmeras atividades da SPQ para apoio aos professores do ensino básico e secundário e mentor do programa Atração Química, tendo participado na elaboração dos actuais programas de química do ensino secundário. É docente do Departamento de Química da Universidade de Aveiro e investigador do CICECO. Ele explica de forma científica como o amor acontece dentro da gente, é muito legal!

A química do amor

O amor é um fenômeno neurobiológico complexo, baseado em atividades cerebrais de confiança, crença, prazer e recompensa, atividades essas que envolvem um número elevado de mensageiros/atores químicos. Sem querer discutir a magia do amor, hoje vamos apenas abordar o amor do ponto de vista da química que lhe está associada: os compostos químicos que atuam sobre o nosso corpo - sobre o nosso cérebro, em particular - e nos transmitem todas as sensações e comportamentos que associamos ao amor.

As 3 fases do amor

1ª fase (fase do desejo): É desencadeada pelos nossos hormônios sexuais, a testosterona nos homens e o estrógeno nas mulheres. É o que desencadeia a atração física.

2ª fase (fase da paixão): É quando nos apaixonamos, ou seja, quando perdemos o apetite (ou ganhamos), não dormimos, não conseguimos nos concentrar em nada que não seja o “objeto” da nossa paixão. As mãos suam, a respiração falha, é difícil pensar com clareza, há “borboletas no estômago”.... Enfim, e isto tem a ver com outro conjunto de compostos químicos que afetam nosso cérebro: a norepinefrina (que nos excita e acelera o bater do coração), a serotonina que nos descontrola, e a dopamina, que nos faz sentir felizes. A norepinefrina é um estimulante natural do cérebro, que pode estar associada à exaltação, euforia, falta de sono e apetite. O papel da dopamina é muito importante no mecanismo de desejo e recompensa e os seus efeitos no cérebro são análogos aos da cocaína. É um verdadeiro licor do amor. Os baixos níveis de serotonina, por seu lado, parecem estar associados à fixação no ser amado (descontrole).

Curioso é verificar que todos estes compostos químicos (neurotransmissores), são controlados por um outro, chamado feniletilamina, que está presente no chocolate. Estará aqui a razão para o chocolate ser uma prenda tão apreciada para os namorados, ou para ser tantas vezes a compensação para um amor não correspondido?

A feniletilamina controla a passagem da fase do desejo para a fase do amor e é um composto químico com um efeito poderoso sobre nós... tão poderoso, que pode tornar-se viciante. Os dependentes de feniletilamina – e dos seus auxiliares – tendem a saltar de romance em romance, abandonando cada parceiro logo que o “coquetel químico” inicial se acaba. Quando permanecem casados, os viciados do amor são frequentemente infiéis, na busca de mais uma dose de excitação extra. Mas este tipo de viciados tem um problema: o nosso corpo desenvolve naturalmente a tolerância aos efeitos da feniletilamina, e cada vez é necessário maior quantidade para provocar o mesmo efeito.

3ª fase (fase de ligação): Passamos à fase do amor sóbrio, que ultrapassa a fase da atração/paixão e fornece os laços para que os parceiros permaneçam juntos. Há dois hormônios importantes nesta fase: a oxitocina e a vasopressina.

Oxitocina: hormônio do “carinho” ou do “abraço”. A oxitocina é uma pequena proteína, produzida numa zona cerebral que se chama hipotálamo. Esta proteína atua tanto em certas partes do corpo quanto em regiões cerebrais cuja função está associada a emoções e comportamentos sociais. Num estudo efetuado em 2003, verificou-se que a inalação de oxitocina provoca um aumento da confiança nos outros. Este hormônio é liberado por ambos os sexos durante o orgasmo. O que parece indicar que, quanto mais sexo um casal praticar, maior é a ligação química entre eles.

H. Fischer sugere mesmo que a melhor forma de uma mulher se re-apaixonar pelo seu companheiro – na fase em que a relação já esfriou – é ter sexo (e, sobretudo, orgasmos) com ele.

Vasopressina: conhecida como o hormônio da fidelidade. É também uma pequena proteína e o seu papel no corpo humano é vasto. Segundo Larry Young, da Universidade Emory, “todos os animais sentem prazer no sexo, mas a vasopressina permite associar esse prazer a características específicas de um parceiro – como o odor, no caso dos ratos”. Aparentemente, é a produção de vasopressina após o ato sexual que determina este comportamento amoroso no macho, que apresenta um elevado número de receptores de vasopressina no cérebro.

A escolha do parceiro

Até recentemente assumia-se que na espécie humana o processo de seleção de parceiros era baseado essencialmente em estímulos visuais. No entanto, hoje é mais ou menos consensual na comunidade científica que a espécie humana também tem a capacidade de distinguir o gene dos parceiros através do cheiro e que a visão pode ter um papel mais secundário.

É amplamente conhecido que vários animais, desde os insetos a muitos mamíferos, comunicam entre si através de substâncias químicas designadas feronomas. O nome feromonas deriva do grego fero, transportar e do hormona, associado a excitar. Numa tradução livre, as feromonas são “transportadores de excitação”. A questão que ainda se põe atualmente é se na espécie humana existe o órgão específico para detectar feronomas – o chamado órgão vomeronasal, presente no nariz de vários mamíferos. Se assim for, então a espécie humana possui de fato seis sentidos para se aperceber do mundo que nos rodeia, sendo o sexto sentido a capacidade de detectar feronomas.

Por isso que existem alguns perfumes com a promessa de “sedução total”, teoricamente, eles  conteriam feronomas dentro de sua composição química.

O texto finaliza mais ou menos por aí, mas não deixa dúvidas de que existe um verdadeiro mundo oculto de substâncias químicas por trás do amor!